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V

28.01.14

Da felicidade

26.01.14



... uma tarde chuvosa, uma lareira e um livro.




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Das praxes

24.01.14

Em fila indiana, dois a dois, saímos do anfiteatro onde cada um de nós, maioritariamente, tivera o primeiro contacto com a praxe. De olhos postos no chão, deslocámo-nos para um pequeno jardim nas traseiras da faculdade. Em filas, sempre de olhos postos no chão, recebemos as primeiras ordens. De quatro aprendemos os primeiros cânticos, as primeiras regras, a importância da hierarquia que, durante os próximos anos, teríamos, obrigatoriamente, de respeitar. Seguiu-se uma semana de actividades pela cidade sempre acompanhadas de duras regras, grandes provas físicas e, acima de tudo, psicológicas. Foi a chamada "Semana de Recepção ao Caloiro". Mas aquilo era apenas o começo. Semanalmente, as provas repetiam-se. A obediência era cada vez mais cega, as humilhações cresciam de tom, os nomes de praxe cada vez mais provocadores, a ideia de "integração e socialização" com que havíamos sido iludidos tempos antes desvaneciam-se. Os caloiros eram cada vez menos, quase sempre envoltos numa enorme mancha negra de doutores e veteranos que se divertiam a gritar, a rir e a gozar. A troca de palavras entre caloiros era expressamente proibida; a troca de palavras entre estes e os doutores era alvo de castigo. Naquelas horas praxísticas éramos seres sem direitos, subordinados a um código, a uma hierarquia a quem devíamos estrita obediência, a rituais de "iniciação na vida". Seríamos "recompensados" com insígnias. Éramos uma "massa" que deveria estar unida qualquer que fosse a circunstância, que deveria mostrar orgulho por estudar naquela faculdade, por poder representar aquela instituição nas mais diversas actividades académicas e praxísticas. Éramos também os bobos da corte; os bonecos de trapos nas mãos de doutores, veteranos e dux. O ego era espezinhado e o amor próprio deixado à porta da faculdade. Era uma "experiência de vida", diziam-nos eles, "uma pequena amostra daquilo que vos espera no futuro." Acima de tudo era o gozo e a sede de poder de uma subida galopante de quem, de capa traçada e colher de pau, nos praxava. A frustração impressa nos rostos de quem consegue sentir-se bem ao insultar quem está de quatro, com os olhos a fitarem o chão. Ao menos que tivessem coragem de nos humilhar olhando-nos nos olhos!

 

 

 

 

 

 

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Devo ser das poucas pessoas a quem os festejos - e preparativos - da passagem de ano lhe passam completamente ao lado. Nos anos dourados da minha adolescência era como que "arrastada" para a praia, onde o barulho das ondas era abafado pelas vozes excessivamente altas das pessoas e pelo som das garrafas de champanhe a caírem no chão. Toda aquela confusão era algo que me incomodava até todos aqueles sons deixarem de fazer sentido e, às tantas, já nem sabia bem se as doze badaladas já haviam ou não soado. Não acredito em superstições de comer doze passas em cima de uma cadeira ou de vestir uma cueca azul, nem fico a reclamar de tudo o que de mau me aconteceu nesse ano. Como alguém que conheço costuma dizer, "A sorte dá muito trabalho!". Este fim de ano não foi diferente. Mesmo estando em Londres acabei por ficar por casa com a família. "Como foi possível?!", pasmam-se vocês. Detesto confusões, digo-vos eu. E o fogo-de-artifício não é, de todo, algo que me fascine. Das duas uma: ou sou mesmo uma pessoa insuportável e mal-humorada que não se sabe divertir, ou a idade psicológica passou demasiado rápida por mim. 

Ainda assim, e como é da praxe, desejo a todos os meus leitores um feliz 2014 cheio de coisinhas boas!

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