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A todas as conquistas feitas. A todas as lutas pelo que nos falta conquistar. A todos os medos enfrentados. A todas as barreiras derrubadas. A todas as causas ganhas. A toda a coragem e determinação. A todos os sorrisos e a todas as lágrimas.
A todas as avós. A todas as mães. A todas as filhas. A todas as mulheres que hoje, um pouco mais que em qualquer outro dia, têm um brilho especial.
À liberdade. À igualdade. Sempre.
São sete as áreas de ensino analisadas. São 200 as "melhores escolas do mundo". Uma delas é a Universidade do Porto. Hoje, mais do que nunca, sou uma orgulhosa ex-aluna desta instituição. Eleva-nos o ego e o espírito fazer parte desta importante e memorável família, desta casa que me acolheu ao longo de quatro anos e que, reciprocamente, apostou em mim. Hoje, mais do que nunca, é dia de agradecer a todos aqueles sem os quais isto não seria possível, por toda a dedicação, empenho e trabalho demonstrado. Foram muitas as lágrimas e os dissabores que a UP testemunhou mas, no final, só ela me sabe deixar assim com um sorriso nos lábios pelas notícias da minha casa. Obrigada UP!
Quando achava que nada podia ultrapassar o ridículo do sorteio de carros topo de gama por parte do Fisco, eis que dou de caras com isto. E são os jovens deste país obrigados a emigrar por falta de oportunidade e progressão de carreira...
Em fila indiana, dois a dois, saímos do anfiteatro onde cada um de nós, maioritariamente, tivera o primeiro contacto com a praxe. De olhos postos no chão, deslocámo-nos para um pequeno jardim nas traseiras da faculdade. Em filas, sempre de olhos postos no chão, recebemos as primeiras ordens. De quatro aprendemos os primeiros cânticos, as primeiras regras, a importância da hierarquia que, durante os próximos anos, teríamos, obrigatoriamente, de respeitar. Seguiu-se uma semana de actividades pela cidade sempre acompanhadas de duras regras, grandes provas físicas e, acima de tudo, psicológicas. Foi a chamada "Semana de Recepção ao Caloiro". Mas aquilo era apenas o começo. Semanalmente, as provas repetiam-se. A obediência era cada vez mais cega, as humilhações cresciam de tom, os nomes de praxe cada vez mais provocadores, a ideia de "integração e socialização" com que havíamos sido iludidos tempos antes desvaneciam-se. Os caloiros eram cada vez menos, quase sempre envoltos numa enorme mancha negra de doutores e veteranos que se divertiam a gritar, a rir e a gozar. A troca de palavras entre caloiros era expressamente proibida; a troca de palavras entre estes e os doutores era alvo de castigo. Naquelas horas praxísticas éramos seres sem direitos, subordinados a um código, a uma hierarquia a quem devíamos estrita obediência, a rituais de "iniciação na vida". Seríamos "recompensados" com insígnias. Éramos uma "massa" que deveria estar unida qualquer que fosse a circunstância, que deveria mostrar orgulho por estudar naquela faculdade, por poder representar aquela instituição nas mais diversas actividades académicas e praxísticas. Éramos também os bobos da corte; os bonecos de trapos nas mãos de doutores, veteranos e dux. O ego era espezinhado e o amor próprio deixado à porta da faculdade. Era uma "experiência de vida", diziam-nos eles, "uma pequena amostra daquilo que vos espera no futuro." Acima de tudo era o gozo e a sede de poder de uma subida galopante de quem, de capa traçada e colher de pau, nos praxava. A frustração impressa nos rostos de quem consegue sentir-se bem ao insultar quem está de quatro, com os olhos a fitarem o chão. Ao menos que tivessem coragem de nos humilhar olhando-nos nos olhos!
É hora de louvar a coragem, a determinação e a preseverança com que raros Homens são abençoados. É hora de continuar o caminho deixado em aberto por Nelson Mandela. É hora da coragem triunfar sobre o medo. É hora de ver e agir, pois só assim conseguimos mudar o mundo. É a hora da liberdade!
Obrigada, Madiba!
Uma manifestação da CGPT numa ponte chamada Salazar. Ironias da vida!
Tive a sorte (ou não) de estudar num colégio semi-privado. Nunca me achei melhor nem pior que outros colegas meus que estudavam na escola pública, mas lembro-me de nunca, durante os sete anos em que lá estudei, ter ouvido a palavra "greve". Não que os professores não estivessem descontentes com o ensino, com o ministro da educação, com as leis da educação (ninguém está contente durante sete anos), mas naquela altura a greve não era uma "moda". Tive excelentes professores, pessoas de quem me orgulho e a quem muito devo grande parte daquilo que sou; pessoas que contribuíram para a minha formação intelectual e pessoal; pessoas que me passaram valores fundamentais, sobretudo justiça. Pergunto-me: qual é hoje o conceito de justiça para esses professores? A greve há muito que deixou de ser um meio de reivindicar os direitos. A greve é hoje um meio egoísta de chamar a atenção, um meio de vitimização e, pior, a greve é hoje boicote! Não sou contra o direito à greve. Sou contra a forma de greve que se pratica, e a greve dos professores é exemplo disso. Fazer greve no dia de um exame nacional (que só por coincidência é o exame que atinge todos os alunos do 12ºano) que pode condicionar a entrada de muitos alunos na universidade é o expoente máximo do ridículo em que caímos. A questão não é fazermo-nos ouvir, lutar por aquilo em que achamos justo, pegar nas armas e sair à rua. Não. Não foi isto que os professores pretenderam. O caminho seguido foi o mais fácil: pegar em alunos e transformá-los em verdadeiras cobaias de uma experiência que, em alguns casos, poderá resultar muito mal. Qual é o conceito de justiça para estes professores? Como pode, amanhã, um professor ser respeitado por parte dos alunos quando esse respeito não é mútuo? E se amanhã uma turma boicotar um teste invocando estar apenas a "exercer o seu direito à greve"? Há uma diferença entre exercer o direito à greve e boicotar; há uma diferença entre exercer o direito à greve e violar os direitos dos outros. Há, sobretudo, falta de brio profissional. É isto que me assusta. Saber que ali, à minha frente, durante os 90 minutos de uma aula está alguém que se "está nas tintas" para o meu futuro. Alguém que coloca os seus interesses pessoais e profissionais acima de tudo. É isto que me assusta. Saber que, um dia, os meus filhos serão uns "ratos de laboratório"; uns "seres" sem o direito a poder fazer um exame de forma digna.