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Tempos

14.03.14

Eras-me tanto. Quase tudo. Ou tudo mesmo. Não sei. Sei. Eras-me tanto. E isso chegava. Chegavas-me tu. Só tu. Um complemento vital à sobrevivência humana. À minha sobrevivência. Eras-me tanto. Talvez não o soubesses. Mas eras. E continuas a ser. Desculpa. Não me eras tanto. És-me tanto.

Pai,

15.02.14

lembro-me do primeiro dia em que me foste levar à escola. Paraste o carro mesmo em frente à rampa que dava acesso à escola e sorriste-me. Eu tremia por todos os lados. Passaste-me as mãos pelos cabelos e deste-me dois beijinhos. Nunca foste um homem de grandes palavras, mas naquele teu silêncio eu senti conforto e protecção. Como se, silenciosamente, me tivesses dito "Eu estarei sempre aqui." Saí do carro e subi a rampa de acesso à escola. Tinha uns seis anos. Tu continuarias a fazer sempre aquele desvio durante os meus quatro anos na escola primária da aldeia, e continuarias a fazê-lo, sempre que necessário, quando fui para a escola da cidade. Lembras-te do nosso programa preferido de domingo à tarde? Lembras-te de irmos assistir a todos os jogos de futebol dos regionais? Às vezes até nos perdíamos pelo caminho, tais eram os atalhos que dizias conhecer. Ainda hoje continuamos a vibrar com um bom jogo de futebol e com uma boa discussão. Uma vez levaste-me ao estádio para assistir a um jogo do Sporting. Tu que és o maior benfiquista que conheço. Fiquei com uma lágrima ao canto do olho e soube que aquela era uma das traduções possíveis para o amor. Tu que és o maior benfiquista que conheço, foste comigo assistir a um jogo do Sporting com uma equipa qualquer que já nem existe. Foi contigo que aprendi também um pouco de política. Sempre achaste que esse não era um assunto exclusivo dos homens, e que as mulheres tinham um papel importantíssimo nas decisões políticas. Foi contigo que ganhei este gosto pela política e pelos debates televisivos. Lembro-me do Natal. Ias sempre comprar as prendas na tarde do dia vinte e quatro. Sabes como isso deixa a mãe furiosa, não sabes? Mas nunca voltavas para casa de mãos a abanar. E sabes que mais? Às vezes achava que não prestavas muita atenção àquilo que dizia ou àquilo que pedia pelo Natal, mas o certo é que trazias sempre a prenda que eu mais queria.

As circunstâncias da vida obrigaram-te a emigrar. Hoje não nos vemos todos os dias, já não discutimos política nem futebol com o mesmo ênfase que outrora. A vida tem destas coisas, não é? De repente a casa ficou mais vazia e o teu lugar no topo da mesa nunca mais foi ocupado. O teu telemóvel nunca mais voltou a tocar. E já não é o som do teu carro que eu ouço do meu quarto. O skype, dizem-me, é quase como se estivessem juntos. Porra que não é! Só quem não sabe o que é amar verdadeiramente um pai é que pode dizer isso. Só quem não tem um amor como o nosso o pode afirmar. Sabes, eu conto os dias que faltam para te voltar a ver, para te poder abraçar e para controlar uma lágrima que teima em saltar-me dos olhos (os olhos da cor dos teus!) Sei que nunca tivemos grandes conversas, mas o teu silêncio... o teu silêncio eram as melhores conversas que podia ter. Foram os melhores ensinamentos que poderia ter tido. Acho que fui aprendendo a ler o teu olhar. 

Pai, o tempo vai passando e a distância teima em não diminuir. Vou aprendendo a lidar com a saudade, mas tenho medo. Aquele medo que senti quando fui para a escola pela primeira vez. Era um medo do desconhecido, do vazio, dos tempos. Tenho medo que um dia se apaguem as nossas conversas - as verbais e as não verbais - e que te possas esquecer de tudo aquilo que passámos juntos. 

Pai, não te quero perder!

Da tua filha.

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Da felicidade

26.01.14



... uma tarde chuvosa, uma lareira e um livro.




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Devo ser das poucas pessoas a quem os festejos - e preparativos - da passagem de ano lhe passam completamente ao lado. Nos anos dourados da minha adolescência era como que "arrastada" para a praia, onde o barulho das ondas era abafado pelas vozes excessivamente altas das pessoas e pelo som das garrafas de champanhe a caírem no chão. Toda aquela confusão era algo que me incomodava até todos aqueles sons deixarem de fazer sentido e, às tantas, já nem sabia bem se as doze badaladas já haviam ou não soado. Não acredito em superstições de comer doze passas em cima de uma cadeira ou de vestir uma cueca azul, nem fico a reclamar de tudo o que de mau me aconteceu nesse ano. Como alguém que conheço costuma dizer, "A sorte dá muito trabalho!". Este fim de ano não foi diferente. Mesmo estando em Londres acabei por ficar por casa com a família. "Como foi possível?!", pasmam-se vocês. Detesto confusões, digo-vos eu. E o fogo-de-artifício não é, de todo, algo que me fascine. Das duas uma: ou sou mesmo uma pessoa insuportável e mal-humorada que não se sabe divertir, ou a idade psicológica passou demasiado rápida por mim. 

Ainda assim, e como é da praxe, desejo a todos os meus leitores um feliz 2014 cheio de coisinhas boas!

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II

07.07.13

 

O meu motivo para a ausência do blog não se chama férias; chama-se exames! 

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I

27.06.13

 

 

Um dia passo a Direitos Reais. Hoje não foi o dia!

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Do Porto

25.06.13

Durante quatro anos, o Porto foi a minha segunda casa. Comecei-lhe por percorrer a entrada, por espreitar com curiosidade para todas as divisões, por me debruçar nas varandas pequeninas. Fui-lhe descobrindo outros recantos. Sem medo subi ao sótão e desci à cave. Habituei-me ao sotaque; aos palavrões que soam a bom-dia; às palavras mais rijas que nada mais são que de carinho; às trocas dos "v's" pelos "b's"; às pessoas. Invicta é, não apenas a cidade, mas as suas gentes. Invicta é a humildade e a hospitalidade, a força e a determinação de quem nunca lamenta. É o amor à cidade, ao futebol, à sua nação. Cidade nobre e leal, de gente nobre e leal. Têm nos corações ora o azul e branco do Futebol Clube do Porto ora um arco-íris por altura do S. João. Tem a boa disposição enraizada. A confiança e a facilidade com que se fala com quem vai à nossa "beira" (apanhei este vício por lá!) no metro, no autocarro, ou simplesmente com quem está à nossa frente na fila do supermercado. Somos todos filhos daquela cidade. De repente pedimos finos em vez de imperiais, natas em vez de pastéis de nata, bolinhos de bacalhau em vez de pastéis de bacalhau... Nestes quatro anos descobri que o Porto não é cidade escura e triste que pintam. O Porto tem cor, tem alegria, tem sorrisos largos e abraços reconfortantes. O Porto vai além da ribeira e da foz; além dos Aliados e de S. Bento. O Porto são as gentes que nunca nos deixam perdidos. É o cheiro a francesinha que se sente ainda antes de atravessar a ponte, é o doce paladar dos melhores vinhos do mundo. É a almofada em que muitas vezes me deitei a chorar quando queria desistir. E destes quatro anos fica a certeza de um dia lá voltar. De um dia lá voltar para ficar, para retribuir tudo aquilo que o Porto fez por mim. Para reviver as tardes passadas nos jardins do Palácio de Cristal a ver o Douro ou as noites quentes de Verão passadas no Piolho. Porque o Porto tem, seguramente, mais encanto na hora da despedida.

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Das tentativas

19.06.13

Se gostas dela: tenta. Tenta uma, duas, três vezes. Tenta depois de quase caíres; tenta depois de caíres e estás prestes a desistir porque os teus joelhos não aguentam mais uma queda. Tenta e lembra-te do olhar dela, do sorriso de felicidade dela, daquela vez que entraste de rompante no gabinete dela e lhe deste uma flor que apanhaste no jardim público do outro lado da rua. Se gostas mesmo dela, e eu sei que gostas, vai à luta! Mesmo que isso implique mais uns arranhões ou mais um olho negro. Mesmo que pareça que aquela é só mais uma rua sem saída, sabes que há sempre a hipótese de saltar o muro. Mesmo que ela te fale daquela pessoa nova que conheceu no outro dia. Se gostas mesmo dela só deves parar de tentar quando as tuas forças chegarem ao fim, e acredita que quando se gosta as forças são uma fonte inesgotável, qual energia do vento ou da água. Acorda e manda-lhe uma mensagem de bom dia, ou liga-lhe só para ouvir o som da sua respiração. É verdade! As mulheres gostam destes clichés: gostam de flores e de mensagens, de post-its colados no carro, de serenatas à porta de casa, de cartões com frases feitas, de comédias românticas... Se a encontrares na rua diz-lhe que está linda, mesmo que esteja com o saco do lixo numa mão e a coleira do cão na outra; mesmo que o cabelo esteja tão desalinhado que nem lhe consigas ver os olhos, ela está sempre linda aos teus olhos. As mulheres gostam disso e ela não é excepção. Se sentes que ela é a tal, por favor tenta! Tenta até que consigas ser a causa do sorriso que ela tem nos lábios, até seres a causa do brilhozinho dos seus olhos. Tenta até que ela diga às amigas: é ele!


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